27 de setembro –
A
França no século XVII se elevara à categoria de primeira potência da Europa,
impulsionada por um ideal de grandeza nacional, mas devastada pelas guerras e
revoluções internas. Apesar de ter sido o século de Luís XIV, o Rei Sol, foi de
fato o século das grandes misérias: crianças abandonadas, prostituição, pobreza
e ruínas ocasionadas por revoluções e guerras, além da ignorância religiosa das
populações rurais e o estado lamentável de boa parte do clero.
Neste
triste quadro da situação social e religiosa da França, Deus suscitou um grande
apóstolo, um dos santos mais extraordinariamente fecundos da igreja: São
Vicente de Paulo.
Nasceu
de família pobre, em 1581. O pai, observando com satisfação as excelentes
qualidades de espírito do filho, fez os maiores sacrifícios para lhe favorecer
os estudos eclesiásticos, como era desejo de Vicente.
Ordenado
sacerdote, trabalhou como vigário numa pequena paróquia rural; aí viveu em
contato com tantas misérias materiais e morais, que lhe abriram o espírito para
sua futura vocação de apóstolo e organizador de grandiosas obras sociais.
Numa
viagem entre Marselha e Narbone, Vicente caiu em poder dos piratas que o
venderam como escravo em Túnis, na África. Com grande humildade, o santo
aceitou esta provação e sujeitou-se aos pesados trabalhos que lhe impusera.
Pela força de sua bondade e oração, conseguiu converter do islamismo ao
cristianismo seu próprio patrão que o colocou em liberdade. Dois anos durou seu
cativeiro e voltou para sua pátria com ânimo novo para colocar-se à disposição
das misérias humanas.
É
difícil sintetizar em poucas linhas a múltipla operosidade de São Vicente.
Destaquemos, porém, algumas de suas iniciativas de maior relevância: a
evangelização dos colonos, a reforma do clero, as obras assistenciais, a luta
contra o jansenismo.
Pastor
sensível aos problemas pastorais, deu-se com empenho à pregação nos meios
rurais, onde grassava lamentável a ignorância religiosa. Com um grupo de
colaboradores, instituiu a Congregação da Missão ou dos Lazaristas. Estes
padres eram obrigados a emitir o voto especial de se consagrarem à
evangelização dos pobres. Contudo, além das missões populares, tornaram-se
beneméritos por sua obra de direção dos seminários para formação do clero.
Com
Santa Luísa de Marilac, Vicente enfrenta o problema da miséria, fundando a
sociedade das Filhas da Caridade, conhecidas popularmente como Irmãs
Vicentinas. Com esta instituição, a caridade tão múltipla de São Vicente se
tornou organizada. A congregação vicentina dedica-se ao serviço dos abandonos,
dos órfãos, dos velhos, dos inválidos, das moças em perigo, dos doentes. Talvez
seja esta a instituição cristã dedicada à pura caridade de maoir extensão
geográfica e no tempo. As 37 mil Irmãs de Caridade que trabalham hoje em
leprosários, orfanatos, hospitais, manicômios, escolas, asilos, etc. continuam
a presença de São Vicente até o dia de hoje.
O
livre acesso de São Vicente nos palácios dos grandes foi-lhe de imensa ajuda no
seu apostolado. Ele sabia tirar do rico para dar aos pobres, não pela força mas
pela persuasão.
Por
fim, não se pode avaliar o empenho de São Vicente em opor um dique à triste
corrente espiritual de seu século, o jansenismo, que com seu rigorismo e
pessimismo resfriava a espiritualidade católica.
São
Vicente morreu riquíssimo de méritos, no dia 27 de setembro de 1660. Seu nome
continua vivo como padroeiro das obras de caridade no mundo inteiro. Foi
canonizado pela Igreja, não como simples filantropo mas como um santo que levou
a sério a mensagem cristã de que o amor a Deus e ao próximo andam de mãos
dadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário